Combinar a alimentação à mão e à colher – o melhor dos dois mundos
Porque não gosto de lhe chamar método misto?
É que não costumo dizer que como pelo método misto e é certo que como alguns alimentos à mão e outros com talheres.
Tendemos a rotular em demasia hoje em dia e isto cria modelos muito polarizados, que dificultam a adoção de práticas simples.
Devia ser simples ensinar aos pais como promover o consumo de fruta e vegetais à mão em combinação com a alimentação à colher, mas parece que precisamos de um curso intensivo de cortes de alimentos para o fazer. Não é preciso. Claro que precisamos de ensinar os pais como o fazer em segurança.
Devia ser simples ensinar aos pais que o bebé que come à colher papas e purés também pode “meter as mãos na massa” e comer com as mãos (ou com uma colher, levando-a à boca), mas achamos que isso não é coisa da alimentação à colher.
Devíamos ser capazes de explicar às famílias que a alimentação à colher não precisa ser demonizada e que, combinando os dois métodos, conseguimos o melhor dos dois mundos e uma maior preparação para a alimentação futura daquele bebé.
Ou seja: combinar alimentos à colher e à mão é boa ideia. Porquê?
- Maior flexibilidade – podemos preparar-nos muito para oferecer os alimentos à mão e o bebé, pela sua personalidade ou pela disposição naquela refeição, querer ser alimentado à colher. O contrário também é válido. Podemos querer oferecer alimentos à mão, mas a creche não querer (é o mais provável). Usar as duas abordagens prepara o bebé para os diferentes cenários. Não é verdade que desaprende um método se introduzirmos o outro.
- Mais preparação – Ao oferecemos alimentos à mão e à colher estamos a preparar o bebé para comer tal e qual fará no futuro. Permitimos assim que se adapte aos talheres e que aprenda a alimentar-se sozinho.
- Mais estímulos – tornamos a refeição mais estimulante ao oferecer alimentos isolados à mão, que o bebé pode selecionar e manipular, e aos fornecermos combinações de alimentos à colher (que até se vão aproximando das receitas da família). Atenção: o bebé também pode ser incentivado a comer papas e purés pela prória mão, com uma pré-colher ou mesmo tocando no puré e levando-o à boca. Muitas vezes este é um passo essencial para que os aceite.
E falando em rótulos:
- Não utilizei a expressão BLW ao longo do artigo porque para o ser verdadeiramente 90% dos alimentos deviam ser ingeridos à mão pelo bebé. Apesar de em diferentes publicações usar este termo para me referir ao BLW flexível, pareceu-me que neste artigo fazia todo o sentido separar os termos.
- Não gosto particularmente da expressão “método tradicional” porque acho que passa a ideia de ser uma abordagem desatualizada e ainda há muito para inovar na forma como se oferece a alimentação à colher ao bebé. Além disso parece-me que o ser humano se manterá a comer com utensílios por longos longos anos.
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Lisa Afonso
Nutricionista Infantil | Investigadora Doutorada na área do Comportamento Alimentar Infantil