Há alimentos mais desafiantes que outros. Quando falo sobre a importância de expor os bebés ao sabor destes alimentos desde cedo, gosto de ilustrar a mensagem com um brócolo. E não é por acaso. Também não é por acaso que eu e outros profissionais que seguem este método de diversificação alimentar propõem o brócolo como primeiro alimento a apresentar aos bebés.
Vou tentar não vos maçar muito com pormenores científicos. O brócolo, tal como outros vegetais, possui PTC (feniltiocarbamida). O PTC é um composto orgânico que nem todos sentimos da mesma forma e essa diferente perceção do sabor é explicada pelos nossos genes. Alguns de nós sentem o PTC como extremamente amargo, outros como ligeiramente amargo e, por fim, alguns de nós não o sentem de todo. Mas este é só um exemplo de uma substância que está nos alimentos e que nem todos sentimos da mesma forma. Há mais. Ou seja, podemos dizer e importa reforçar esta mensagem:
Nem todos sentimos o sabor dos alimentos da mesma forma.
Mas será que a nossa diferente perceção do sabor pode determinar uma aceitação diferente de determinados alimentos. Naturalmente que sim. E é por isso que, enquanto pais, devemos despir a capa da culpa quanto há recusa de determinados alimentos.
E será que há sempre recusa do alimento quando se sente o PTC? Não, não é assim tão determinista e existe sempre margem para melhorar a sua aceitação. E naturalmente que existem mais fatores que levam à recusa do brócolo. Escreverei sobre isso em artigos futuros.
Uma das estratégias para melhorar a aceitação destes sabores é incluí-los na ementa do bebé desde muito cedo e permitir que os sinta no seu estado mais puro: em puré, sem adição de azeite ou cozidos, prontos a comer à mão, se o bebé já estiver preparado.
Lisa Afonso
Nutricionista Infantil | Investigadora Doutorada na área do Comportamento Alimentar Infantil
Gostei muito de.ler este artigo! Interessante saber a razão científica por trás do brócolo! 🙂
Obrigda Joana (Pela leitura e feedback).